Vocábulos - Alma do Poeta: Placa luminosa (movido pelo silêncio da madrugada)

20 de out. de 2011

Placa luminosa (movido pelo silêncio da madrugada)



Voluntariamente
resolvo visitar a madrugada
aliás; o silêncio da madrugada
e perambulei noite adentro
antes que o arrebol me fizesse recolher
a minha velha rede comprada
em Catolé do Rocha
na verdade fui visitar Brejo do Cruz
onde as rochas falam alto

Absorto, na noite
sinto o frescor ímpar do vento
que faz os nosso poros eriçarem
levitantemente
sabe aquela coisa que pensamos
ser um carinho
e mais parece pássaros no ninho
tremendo de frio pedindo a mãe
para alojarem-o debaixo de suas asas
mas deveras o frio foi uma tremenda fuga
do calor exorbitante do dia
e ele (o frio) penetra em nós como um balsamo aliviador

Depois de caminhar bastante
dialogando com o silêncio
pude perceber o quanto ele é integro
e se sente ameaçado com os gritos de assalto
ou tiros a ermos
fora disto nada ameaça  a minha passeada

A certa altura da caminhada
vejo um letreiro com  o slogan: "Placa Luminosa"
de lá de dentro ouço um acanção que diz:
"Voa oh minha liberdade
entra se eu servir como morada" (Jessé)
confesso que estes versos
me emocionaram por completo
e ao entrar no recinto e usar um guardanapo
para enchugar as lágrimas
ouço alguém me chamar de Zé Ramalho
que tremendo elogio, e eu; disfarçadamente fiz que não ouvi

A luz de uma penumbra típica da noite
era quase imperceptível quem estava no palco
mas o toque do violão, estava ótimo de ouvir.

De repente escuto o violonista
se expressar: "Gostaría que o poeta Mário Bróis
viesse até aqui, declamar um pouco para nós.

Rapaz aquilo soou como uma porrada inesperada
mas poeta que se preze, faz como Fernando Pessoa
deve usar heternômio, não para confundir
mas para mostrar que poeta é ser pluralista,
poeta é sinônimo de coltivismo,
como peixe feito cardume,
ou como anjos feito falange.

Ao aproximar-me percebi que era Raul
do Alcatéia Maldita, especie de vanguarda local
e eu falei: -  que imprensado meu?
e ele: - mete a boca no microfone
és a estrela desta noite em que de longe vi tu prembulando

E eu: "Na noite me sinto mais humano
não por causa apenas do silêncio
ou da tranquilidade que permeia
mas, acima de tudo porque
aqui estão concentrados todos os lobos da esterpe
feito o personagem de Herman Hesse
e neste sentido não vou declamar poema meu
mas vos direi apenas uma estrofe
"a poesia fez de mim um homem feliz
assim sendo transmito e não transfiro esta felicidade
pois se ela a me pertence, então cederei uma partícula
a quem de fato sempre esteve dentro de mim
minha saudosa mãe
foi ela quem me ensinou os segredos
de como andar na madruga
e quando ela se foi a madrugada me abraçou.

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