Vocábulos - Alma do Poeta: Beleleu (resgate materno)

20 de out. de 2011

Beleleu (resgate materno)


  "Senhor! Ao pé do lar, na inquietação, na calma
         Pode a flama subir brilhante, loura, eterna;
         Mas quando os vendavais, rugindo, passam n'alma,
         Quem pode resguarda a trêmula lanterna?
                              Castro Alves
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Fôra uma tarde de tormenta
sua roupa, resquícios de relapso
os poros transpirava alcool
por todos os membros, alardeando.

O feto impaciente para nascer;
chegara a hora.

Doranice chegara a maternidade
rabujenta, esfarrapada da noite
mas, o rebento, nascera com vida
seu grito ao tomar o choro, espalhou-se
por toda a maternidade (berço de indugentes)

Era uma tarde onde o lusco-fusco
parecia entristecer o tempo,
esmaindo-se fora do alaranjado, típico

Beleleu, nascera num lar pobre
financeiramente e espiritualmente
seu pai de alcoolatra inveterado
vivia de aviãozinho do tráfico 
não demorou a ser usuário

Sua mãe uma mulher de programa
passava a noite na zona, meretriz
também, por força de sua atividade
tinha vício, cheirva pó e bebia.

Porém, por provimento de destino
Beleleu, tivera  sorte de adoção
por um artista que circulava
por entre o império das tv's
e ele foi crescendo naquele meio
teve a oportunidade de fazer
faculdade de artes cênicas.

Não demorou, e descobriu
que era adotivo, e se interessou
para conhecer os pais, sem no entanto
se desvencilhar dos pais adotivos
soube que pai morrera de overdose
e a mãe continuava nos programas 

Ele pagava a um mensageiro,
para ter notícias e fotos dela.
Não demorou a fazer sucesso
e numa grande temporada em Paris
com a peça: "Espelho sobre os ombros"
ganhou uma dinheirama de assustar.
Quando retornou da França
teve uma ideia brilhante, resgatar a mãe

Certa noite, Beleleu pegou seu carro
e foi para a Zona, parou seu automóvel
e fez aquela mulher, que apesar
da terceira idade, carregada consigo
traços de uma beleza, que o tempo
não deteriorara, embora os comésticos
ajudassem, na plácida transparência

Quando chegaram, no quarto do Motel
Doranice disse-lhe:
- o que faz um homem tão jovem
e saudável procurar uma mulher
de acima dos cinquenta anos?

A voz de Beleleu emudeceu e as lágrimas
foram  sainda aos borbotôes, (assim
como as minhas, neste instante em que
escrevo e me deixo levar pelo personagem - fictício)

Doranice ficou extasiada. Quando ele
retomou seu fôlego, ai ela ouviu toda a verdade
não precisa dizer para o leitor
a gama de emoção em que os dois se envolveram
- Eu te proponho que largues esta vida
eu tenho condições financeira de lhe manter.
E os dois sairam dali direto para a mansão
particular de Beleleu.

Sua mãe falecera
já bem velhinha, porém feliz, e ele
agradeceu a Deus pela sorte
e conserva os pais adotivos,
com zêlo primor cuidados e carinho.

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